domingo, 4 de março de 2007

(e eu não entendia muita coisa)

Meu companheiro de viagem se diz comunista. Mas sabe que o comunismo não existe e até me contou, o que foi verdadeiramente uma novidade pra mim, reitero que pra mim, que comunismo mesmo nunca existiu. Eu não sabia disso. Ele, cultíssimo, falando muitíssimo bem, fala difícil e pra mim quanto mais coloquial, fácil, rápido e objetivo melhor. Bem capitalista mesmo... Pra mim, idéia boa é idéia simples. Simples não são simplistas. Gosto das idéias brilhantes e sei que só são porque são simples e, dessa maneira, são tangíveis, nossas, passíveis de julgamentos nossos, o que as põe a prova e nos põe também.

Não dispenso os pensamentos elaborados e fritantes dele. Gosto, aprendo e me admiro. Acho lindo, o que não é difícil nesse caso. Só deixo claras as disparidades complementares. O curioso é saber o quanto frito com ele que tanto me fez raciocinar. Até chego a querer um mundo melhor mesmo sabendo que ser cético é melhor por ora. E quando sinto que perderei meu ceticismo com ideais, volto à Terra e deixo que essa disparidade tão linda seja soberana. Deixe que ele acredite em algo pra que eu possa ser a cética, mesmo que mais boazinha que ele. Fico com o mundo real, já que há de se escolher um deles.

É por isso que minhas observações não têm um quê de coisa alguma. Mesmo relutante deixei que os escritos se povoassem de mim. São nada mais do que observações pessoais de dramas e belezas coletivas. São fatos curiosos, pessoas e lugares que merecem uma lembrança. Merecem comentários. Merecem que as pessoas fiquem curiosas e “percam” seu tempo com eles. Bom, pelo menos é isso que posso oferecer. Por hora.

Sempre questionei o intuito deste blog. Por vários motivos ligados ao “parecer”. Não queria que parecesse propaganda ou manual de instruções a futuros turistas. Não queria que parecesse um mero diário. Fiquei relutante ao meu posicionamento involuntário, quase doentio, povoado de emoções, assim mesmo como sou, que fez tudo ficar um tanto impregnado de mim. Não queria que parecesse educativo, meio aulístico, apostila on-line. Mesmo porque não tenho bagagem pra isso. Não tenho pretensões de ensinar o que sequer aprendi. Até que cansada disso tudo, relaxei e deixei que lessem e pensassem o que quisessem.
por Priscilla

2 comentários:

Anônimo disse...

O comunismo existiu e existe. Não existiu, ainda, como movimento e como prática total, inscrito nas consciências. Mas existe, seja em pequenas comunidades ou na forma de "resíduos", produzidos e reproduzidos no tempo e no espaço por pessoas que deixaram sua terra natal em busca de “oportunidades” na metrópole, por exemplo. Há na periferia algo das relações pessoais, diretas, comunitárias que se parecem com práticas ditas comunistas. Há, também, nessa mesma periferia outros movimentos, como a própria desagregação de algumas solidariedades: as contradições estão postas. Portanto, não podemos pensar o comunismo pelo sim ou pelo não, usando o reducionismo lógico-formal. Ratifico o dito acima: temos que pensar dialeticamente, observando as contradições e o que há nelas pra ser explorado!

barbara disse...

Priscilla, foi justamente pensando no último parágrafo deste seu texto que escrevi o meu "vai ser sério assim no inferno"... pensava em todas essas questões, até que então eu me rendi! E viva o fato de vc ter se rendido também. Seu blog é ótimo! Beijão!