quinta-feira, 26 de abril de 2007

salta é uma cidade estranha



Chamam-na de "la linda"... mas o que vi foram agências de viagem de-mais pra cidade de menos. Muitos hotéis, mas não vejo turistas. Foram todos levados pelas mesmas agências para fora de Salta, para os arredores, que é onde turista de verdade gosta.

Fui a Salta mas ainda não vi empanadas. Será que vai ser mais um daqueles meus, digamos, vícios? Lembro-me que fui à Ciudad de Leste e não comprei nada. Pois desta vez, não fracassarei... comerei empanadas salteñas nem que se me custarem AR$12. Na verdade, o que nem me custou AR$12 foi a pulseira linda que ganhei.

Parece ser prata, mas não a prata com a qual estamos acostumados. É uma prata mais fina, fina de espessura que vem dos lingotes de Potosi trazidos pelos próprios bolivianos de lá. Conheci um hoje e infelizmente não me lembro o seu nome. Era um senhor com aquela típica cara de índio com prata literalmente até os dentes. Foi curiosa a minha conversa com ele. Acho inclusive que ele me levou muito à sério. Mais a sério do que muita gente. Imaginem que eu, mulher, estrangeira brasileira, pergunto a ele, com a curiosidade de quem quer sanar suas mini-futilidades permitidas, se encontrarei muita prata em Potosi. Achei que ele fosse me responder: “Ah, claro, hay mucha plata en Potosi, muchos anillos, pulseiras...” Mas isso não aconteceu. Ele me respondeu dizendo que encontraria muita e poderia trazer os lingotes pela fronteira sem problemas! Achei o máximo! Que ironia: eu não sou nada, eu não sou ninguém, mas tenho cara de quem compra lingote de prata e passa com isso na fronteira brasileira pra vender!!!

Aqui não é a mesma Argentina que conheci e que havia antes no meu imaginário. Ou o melhor e mais justo seria dizer que a Argentina é aqui em Salta e no sudeste, onde está Buenos Aires, que sejam os ítalo-espanhóis, mais ítalos com certeza, inclusive na sua soberana e completa elegância e tudo o mais que têm, com todo o envolvimento francês de cidade. Pode-se dizer que a Argentina é aqui: sua origem remota, indígena e tradicional.

Comi, na última hora, empanadas salteñas. Muito boas, são realmente uma iguaria. Massa fina, crocante na parte mais alta, que quebra como uma casca de ovo. Comi aqui mesmo no terminal, de partida pra Jujuy. No terminal de Salta há muita gente viajando como eu. Em sua maioria, argentinos do sul, que vêm periodicamente gastar o que ganharam no norte. Ficam aqui assim sem fazer nada, esperando. E enquanto esperam, comem empanadas exatamente como eu, melancólica e na verdade com um pouco de saudade do Brasil. Saudade de ouvir a conversa de gente comum no ônibus e entender tudo. De comer várias comidas diferentes na mesma refeição. De variedade. De variedade de gente. Mas tá bom.

3 comentários:

misha disse...

é impressão minha ou só estou vendo textos da percília por aqui... =/
luiz antônio (hihihi), cadê vc?

misha disse...
Este comentário foi removido por um administrador do blog.
Anônimo disse...

atendendo a pedidos, coloco esses dois pequenos textos. desculpem-me pela demora, o ocorrido não mais se repetirá(rs)!!